Bandeira, G. A. “Eu canto, bebo e brigo… alegria do meu coração”: currículo de masculinidades nos estádios de futebol
BANDEIRA, Gustavo Andrada. “Eu canto, bebo e brigo… alegria do meu coração”: currículo de masculinidades nos estádios de futebol. 2009. 128 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
Resumo: “Esta dissertação trata do modo como as masculinidades são vivenciadas nos estádios de futebol. Tendo como referência os Estudos Culturais e de Gênero Pós-Estruturalistas, realizei uma análise cultural procurando mapear representações de masculinidades nesse contexto cultural específico. Para a construção do material empírico selecionei quatro jornais da cidade de Porto Alegre. Com eles, consegui observar narrativas de diferentes atores envolvidos com o futebol de espetáculo que me permitiram visualizar algumas das características positivadas nesse contexto. Além desse material, realizei observações participantes em oito jogos do Campeonato Gaúcho de 2008, sistematizadas em diários de campo. As observações aconteceram em quatro jogos do Sport Club Internacional e em quatro jogos do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, nos estádios Beira-Rio e Olímpico. Procurei evidenciar como as ações dos torcedores, seus cânticos, suas vestimentas e faixas estão envolvidas nas construções das masculinidades desses sujeitos. Nos estádios de futebol, os sujeitos têm a possibilidade de ficarem ‘anônimos’, além de terem suas múltiplas identidades subordinadas à identidade de torcedor de futebol e colocarem-se em ação de forma coletiva. Os estádios exercem uma pedagogia. É necessário aprender quando gritar, quando calar, o que gritar, o que calar, o que e como sentir… O conceito de currículo da ‘ciência’ pedagógica parece-me produtivo para pensar as práticas exercidas nos estádios de futebol. O currículo não é aqui entendido como um caminho de início, meio e fim, onde os sujeitos sairiam de uma condição de não aptos até um lugar onde seriam diplomados e dali em diante poderiam ‘exercer’ a condição de homem ou de torcedor em qualquer contexto cultural. O currículo seria mais bem entendido, aqui, se pensado como uma série de prescrições, algo que os sujeitos são reiteradamente convidados a fazer. Ao longo da dissertação procurei apresentar diferentes narrativas sobre futebol e masculinidades que atravessam a construção do torcedor de futebol, especialmente os que frequentam estádios. A partir da aposta em um currículo de masculinidade do torcedor de futebol, sistematizei os conteúdos deste currículo em torno de quatro eixos: 1) Raça, garra e luta; 2) Violência e socialização; 3) Um amor de macho; 4) Masculinidades subalternas. No primeiro eixo, evidencio a necessidade de jogadores e torcedores demonstrarem algo mais, associando-se as representações dos clubes e do futebol gaúcho. No segundo, mostro como a homofobia e os confrontos físicos podem ser entendidos como forma de sociabilidade. A afetividade ganha destaque no terceiro eixo. Nesse ambiente onde as masculinidades viris são valorizadas positivamente, também aparecem significativas demonstrações de carinhos, declarações de amor e choros nem sempre valorados para uma masculinidade tradicional. No último eixo destaco a construção da masculinidade do adversário com toda a carga negativa possível fazendo uma clara distinção entre a masculinidade ‘inadequada’ deles que confirma a condição de normalidade da nossa masculinidade”.
Palavras-chave: Masculinidade; Futebol – Educação; Currículo; Cultura; Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense; Sport Clube Internacional.
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